Orquestra Real Câmara e Officium Ensemble

ENTRADA LIVRE

Concerto de apresentação do festival Cistermúsica 2025
IN PARASCEVE — Responsórios de Sexta-Feira Santa de José Joaquim dos Santos (Óbidos, 1747- Lisboa, 1801)

Na segunda metade do século XVIII surgem, no contexto da corte portuguesa, várias soluções instrumentais sem violinos associadas ao repertório sacro. Entre estas encontram-se obras com violas concertantes para a Semana Santa, que adquirem alguma recorrência não só no quotidiano musical da corte, mas na generalidade da vida musical portuguesa. Esta tradição terá sido consequência da forte influência da música napolitana em Portugal, inserindo-se numa prática de inclusão de instrumentos graves solistas em momentos litúrgicos de especial gravidade, como a Semana Santa, ou o Dia dos Fiéis Defuntos. Entre os compositores da Capela Patriarcal que escreveram para esta instrumentação, destaca-se José Joaquim dos Santos. Nascido em Óbidos em 1747, ingressa no Seminário da Patriarcal em 1754, onde é aluno do napolitano David Perez. Aquando do final dos seus estudos, em 1763, ingressa no corpo docente da instituição onde permanecerá durante toda a sua carreira, primeiramente como substituto do Mestre de Solfa e ajudante do 1.º mestre do Seminário, subindo ao cargo de Mestre efetivo em 1773. A partir de 1770, as suas funções são acrescidas da composição para a Capela Patriarcal, sendo a globalidade da sua produção eminentemente sacra.
O conjunto das suas obras com violas concertantes inclui um ciclo para a Semana Santa com três jogos de Lamentações e Responsórios (de Quinta, Sexta e Sábado Santos), um Miserere, assim como um Stabat Mater. Este último foi a única obra sacra impressa em Lisboa na segunda metade do século XVIII, estampado na Real Fábrica de Música de Francisco Domingos Milcent, em 1792.
Este Stabat Mater será a única obra do compositor que continua a merecer atenção nos dias de hoje, estando a maior parte da sua produção ainda por recuperar.
Este programa enquadra-se num projeto da Real Câmara de recuperação e gravação da obra de José Joaquim dos Santos e apresenta, em estreia moderna, os Responsórios de Sexta-Feira Santa para duas violas concertantes, fagote, violoncelo e baixo, cujo manuscrito se encontra na Biblioteca Nacional de Portugal.

Programa

José Joaquim dos Santos (1747-1801)
Responsórios de Sexta-Feira Santa
para duas violas concertantes, fagote, violoncelo e baixo
(P-EVc Ms. 763-771, P-Ln CN 54//1, P-Ln CN 100//6)

IN PRIMO NOCTURNO

Responsorium I: Omnes amici mei
Andante – Andantino – Verso a 2: Adagio – Andantino

Responsorium II: Velum templi scissum est
Andante – Andante – Verso a 3: Adagio – Andante

Responsorium III: Vinea mea electa
Andantino – Sostenuto – Verso a 2: Andantino – Sostenuto

IN SECUNDO NOCTURNO

Responsorium IV: Tamquam ad latronem existis
Andante – Un più di moto — Adagio – Verso a 2: Andantino affetuozzo – Un più di moto — Adagio

Responsorium V: Tenebrae factae sunt
Adagio – Adagio – Verso a 3: Adagio – Adagio

Responsorium VI: Animam meam dilectam tradidi
Andante — Adagio – Andantino – Verso a 2: Andantino – Andantino

IN TERTIO NOCTURNO

Responsorium VII: Tradiderunt me
Adagio non molto – Andante – Verso a 2: Andante sostenuto – Andante

Responsorium VIII: Jesum tradidit impius
Andante – Andante – Verso a 3: Andantino – Andante

Responsorium IX: Caligaverunt oculi mei
Adagio – Adagio – Verso a 2: Adagio – Adagio

Ficha artística

Enrico Onofri, direção musical

Raquel Alão, soprano solo
Rita Filipe, alto solo
Rodrigo Carreto, tenor solo
Hugo Oliveira, baixo solo
António Fonseca, recitante
Pedro Teixeira, maestro do coro

Real Câmara
Alessandro Tampieri, Maria Cristina Vasi e Krishna Nagaraja, violas I
César Nogueira, Archimede de Martini e Miriam Macaia Martins, violas II
Diana Vinagre e Teresa Madeira, violoncelos
Marta Vicente, contrabaixo
Tomasz Wesolowski, fagote
Fernando Miguel Jalôto, órgão

Officium Ensemble
Inês Tavares Lopes e Mariana Moldão, sopranos
Maria de Fátima Nunes e Rita Morão Tavares, altos
Jorge Leiria e Simão Pourbaix, tenores
Pedro Casanova e Rui Bôrras, baixos

Apoio: Câmara Municipal de Lisboa · Junta de Freguesia da Misericórdia

Informações
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