Em ano de pandemia o Cistermúsica constitui um sinal de esperança
Num ano de absoluta exceção, e apostado em devolver o palco aos artistas e a plateia aos melómanos, o Festival de Música de Alcobaça superou um dos seus principais objetivos ao atingir a lotação esgotada em todos os espetáculos ainda antes do final da sua 28ª edição. A adesão do público foi inequívoca, alcançando os 1450 ingressos disponibilizados, tendo sido o festival procurado não só pela comunidade local e regional, mas também por melómanos de norte a sul do país e por público estrangeiro, confirmando assim que o Cistermúsica, para além da sua reconhecida qualidade artística, é também, ano após ano, um dos principais destinos de turismo cultural na região Centro do país.
No último concerto com público presencial o festival apresenta Stabat Mater de Pergolesi, uma encomenda ao acordeonista João Barradas a que se juntam as vozes de Bárbara Barradas e Cátia Moreso. Os doze andamentos do Stabat Mater, intercalados com obras de Johann Sebastian Bach e Domenico Scarlatti, serão a base de partida para a congregação de diferentes práticas musicais a partir da icónica Nave Central do Mosteiro de Alcobaça, dia 16 de agosto, às 18h00.
No domínio digital o festival concretiza outra das suas grandes promessas dos últimos anos: a crescente abertura a todos os públicos – desde há muito ilustrada pelo lema “um clássico para todos” – através da transmissão em streaming de uma outra encomenda Cistermúsica: a famosa Carmina Burana de Carl Orff, numa performance em estreia mundial pela Vortice Dance Company, e que poderá ser visualizada na noite de 19 de agosto, às 23h00 no Facebook do festival (https://www.facebook.com/festivalcistermusica). Cláudia Martins e Rafael Carriço, diretores artísticos e coreógrafos da companhia, apresentam uma abordagem exuberante e provocativa da obra musical de Carl Orff que, de alguma forma, recria também a recente situação de confinamento, pois o espetáculo que será apresentado resulta de uma residência artística em que a companhia esteve enclausurada noites a fio nalguns dos mais belos espaços interiores do Mosteiro de Alcobaça para conceber uma obra única, que une a intensidade da dança contemporânea e da representação ao videomapping.
Esta não é a única aposta digital do festival nesta edição, pois poucos dias antes, a 15 de agosto, pelas 21h30, também em streaming e na mesma plataforma será apresentado o já tradicional Cistermúsica Non Stop, cujo programa incluirá uma pequena maratona composta pelos recitais de piano dos consagrados Vasco Dantas Rocha e Daniel Bernardes, intermediados pelo bailado “Falar em Silêncio” pela Academia de Dança de Alcobaça.
A caminho do seu encerramento, o festival Cistermúsica considera cumprido o seu propósito primordial, porventura, o mais desafiante de uma história com quase três décadas devido ao contexto de incerteza e receio em que vivemos: dar aos artistas, restantes profissionais do mundo da cultura, público e sociedade em geral a confiança necessária para o regresso da vida cultural. Era possível, como sempre defendemos, adaptar o festival de forma a manter a qualidade da sua programação e a respeitar todas as recomendações de saúde pública para a realização de espetáculos.
Mais do que um “clássico para todos”, este ano o Cistermúsica corporiza um “sinal de esperança para todos”.
A 28ª edição do Cistermúsica – Festival de Música de Alcobaça, conta com os fundamentais apoios da Direção Geral das Artes, da Direção Geral do Património Cultural e com o mecenas BPI / Fundação “La Caixa”.